quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ouvir o corpo

in revista Natural BeijaFlor
2007 fev
OUVIR O CORPO

Para além do estudo, das palestras, de pequenos cursos e dos conselhos dos profissionais de saúde, o adepto da alimentação natural e de práticas de saúde natural não deve esquecer que o seu corpo lhe envia permanentemente mensagens valiosíssimas para entender o que se está a passar dentro de si. E esses sinais não precisam de ser tão evidentes como febre ou dores.

Na verdade, em certo sentido, a informação recolhida pode até ser um entrave à saúde, se for demasiado intelectualizada e racionalizada, instalando um sistema rígido que submeta o organismo a dietas desadaptadas das suas necessidades e inflexíveis perante os sinais de alarme e reacções que o corpo vá experimentando. E nesta atenção aos sinais é preciso não esquecer que a organização alimentar que resulta bem hoje pode já não se adaptar ao mesmo organismo daqui a um mês ou até daqui a uma semana.

E se o que tenho vindo a dizer é verdade no caso de um indivíduo estar com uma saúde regular, ainda é mais válido quando existe um problema grave. Ainda por cima, em casos agudos a situação muda muito mais rapidamente do que em problemas crónicos. Mas mesmo que haja atenção aos sinais, consegue o leigo interpretá-los? Quanto a esta questão, é bom sublinhar que a experiência é uma grande mestra. Durante os primeiros anos, o adepto de alimentação natural deve necessariamente ouvir os mais experientes e consultar profissionais competentes. Com o tempo, porém, é inevitável que ele próprio vá entendendo e interpretando as reacções que no início lhe pareciam desconexas, incompreensíveis e às vezes até assustadoras. Como evoluir nesta capacidade de ouvir os sinais do seu corpo, interpretá-los e proceder de forma a corresponder às necessidades que os sinais enunciaram? Em primeiro lugar é indispensável não perder o bom senso, sendo capaz de pesar o que sente, percebendo o que é importante ou não. Em segundo lugar, é necessário ter a humildade suficiente para admitir, e em primeiro lugar perante si próprio, que pode estar doente, que pode não estar a ser capaz de resolver o problema sozinho, e que portanto pode precisar de ajuda e recorrer a alguém amigo ou a um profissional. Mas em última análise, isto continua a ser bom senso... É claro que o estudo que o indivíduo vai fazendo é muito bem-vindo. Mas se o bom senso e a humildade se perderem pelo caminho, os resultados podem não ser os melhores.